O Flamengo perdeu .
O Rio de Janeiro perdeu .
O Brasil perdeu .
E perdeu a vergonha na cara desde a década de 80 quando fui vítima dessa violência que só aumenta , por causa da impunidade e de tantas outras mazelas do cotidiano do brasileiro como a falta de instrução, educação e o aumento da pobreza .
Já na década de 80 , fim do governo militar tinha brigas em torno do Maracanã, mas havia policiamento e o medo de virar "desaparecido" era o que tornava breve os confrontos e em menor quantidade os envolvidos , no máximo grupos de 20 pessoas de cada lado , o normal era grupo de 3 ou 4 "amigos" uns contra os outros , com mesmo número e não as covardias que se vê hoje em dia.
Nessa época fui ao Maracanã muitas vezes e nunca tinha me envolvido em confusão, até que na melhor de três entre Vasco e Flamengo, numa quarta-feira a noite , no jogo que o Roberto Dinamite fez um gol do meio de campo em baixo de um temporal (81 ou 82 ,não lembro ao certo ) , o segundo jogo da melhor de três que teve uma confusão entre torcedores dentro do Maracanã nas arquibancadas .
Fui de camisa azul porque tinha aula no dia seguinte e os ônibus na época paravam de circular a meia noite e passavam direto pelos pontos de ônibus com aglomeração de torcedores para evitar o "quebra-quebra" dos veículos , esse era o caso da linha 434 Grajaú Cooacabana que eu tinha que pegar para voltar pra casa em Botafogo, soltar na rua Real Grandeza e andar até quase a Cobal na Humaitá .
A camisa azul era pra ficar neutro e poder voltar rápido pra casa , mas já naquele tempo havia briga e fiquei no meio de uma confusão dentro do Maracanã, que foi debelada por policiais militares que me detiveram junto com os brigões.
Fui ameaçado, interrogado e por fim liberado porque mostrei a camisa azul como prova de que não fazia parte de nenhuma torcida .
Consegui pegar o último ônibus devido ao atraso pelas fortes chuvas da noite , chegar em casa de madrugada depois do ônibus parar em duas blitz e eu ser parado por uma "patrulinha" a antiga rádio patrulha enquanto fazia a parte final do trajeto a pé e conto isso pra lembrar que a cidade do Rio de Janeiro era bem policiada e mesmo assim já havia brigas .
Resumindo, fiquei machucado e nunca mais voltei ao Maracanã e não recomendo até hoje as pessoas de bem fazerem isso quando me perguntam respondo : não vá .
"Gaste esse dinheiro em casa , leve seu filho ao cinema, teatro , mas não vá" .
Décadas depois um amigo foi com o filho e um tiro (uma bala perdeida) , quase acertou eles .
Na quarta-feira (13/12/17) no jogo da final Sul-americana teve relatos até de pessoas famosas nas redes sociais e antisociais , fora as imagens , relatos da violência generalizada nas imediações do estádio do Maracanã.
Agora achar que isso tá certo ou que isso está errado não resolve , o que resolve é tomar atitudes , apesar que hoje não há um setor da sociedade que queira fazer alguma coisa .
A negligência no combate à violência é tão grande que a polícia não é mais respeitada ao ponto de passar imagens de "torcedores" jogando objetos em policiais e nada ter sido feito pelos mesmos policiais alvejados com garrafas .
Um sujeito atravessou no meio da rua , fora da faixa e foi atropelado pelo o dono de um carro que foi ameaçado, agredido e roubado .
Pasmem , as pessoas ajudaram no furto ao motorista ao invés de deter o ladrão ou ajudar a acabar com a confusão.
Não há obediência e nem respeito , só o anarquismo ; desculpas, o anarquismo é organizado perto das cenas exibidas ; até o caos é organizado .
Agora achar que esse tipo de coisa acontece hoje ou tentar minimizar a negligência do estado e dizer que é um problema atual quando isto acontece a décadas .
É querer se isentar da culpa de um problema que se arrasta há anos na cara de todos e que cresce jogo a jogo , um show de horrores anunciado .
Falta educação e justiça a tempos e a todos os envolvidos e fica pior a cada geração, principalmente num estado e numa cidade onde ser "malandro" é sinônimo de esperteza; esperteza que elegeu vários políticos corruptos .
Como ter esperança de melhoras se ninguém será punido , nem o Flamengo, que seria o mais fácil de se punir por ser uma entidade e por esse motivo não tem como esconder-se dos acontecimentos não deve ser culpado por não ter contratado o número suficiente de seguranças .
Mais uma vez a impunidade e o jogo de empurra devem imperar em uma situação onde todos são "inocentes" , mesmo com as provas "gritando" o contrário , afinal não adianta dizer ou gritar para quem é surdo e ainda não quer escutar .
Na Bíblia está escrito que "pior cego é aquele que não quer ver" , no Rio de Janeiro são "os que não querem escutar" o clamor do povo que agoniza com algumas partidas de futebol.
Até a próxima.
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