Por: Adriana Santos
O primeiro dia de Outubro abre um calendário especial em Belém ,a capital paraense.
É o mês do Círio de Nazaré, movido pela fé que entrelaça eventos combinados reunindo pagadores de promessas que sem querer transformam-se em Atletas por uma singela e inquebrável gratidão à Santa.
O trânsito transtornado da Metrópole da Amazônia é invadido por um mar de gente capaz de gestos tão humanos e até sobre-humanos para agradecer com muito suor e arrepios .
Não precisam de palavras... se bem que elas musicalmente sonorizam as ruas do percurso das procissões do segundo final de semana do mês de Outubro ,orações que impulsionam corpos calejados pelo esforço.
Independente da Religião de cada leitor, reitero que o Círio tem o dom de comover e também locomover.
Podíamos comparar com uma Olimpíada fervorosa onde a medalha já foi conquistada com antecedência: a graça alcançada, a saúde restabelecida, a casa adquirida, a aprovação no vestibular e até um pedido que pode parecer profano demais ...muitos torcedores com camisas de clubes do futebol acompanham a procissão por algum motivo.
Os romeiros como são chamados estes ATLETAS DA FÉ , se dividem em mini procissões que transbordam gratidão e se pararmos pra analisar no meio da multidão tem motovelocidade, ciclismo, levantamento de peso, caminhada, regata e até corrida neste momento sublime que chama a atenção do mundo inteiro pela energia da devoção .
Belém abre as portas para o Turismo que descobre que o Círio envolve também gastronomia aí quem vai ao Pará ...parou, tomou Açaí...ficou como diz uma música popular do Estado.
Sem esquecer das comidas ...pratos energéticos como a Maniçoba e o Pato no Tucupi que são na época os Campeões no Cardápio.
Na verdade brinquei pois a motovelocidade são as motoromarias , os Ciclistas também prestam a sua homenagem escoltando a Berlinda ,o levantamento de peso fica leve quando se trata da imagem da Nossa Senhora de Nazaré ou de algum objeto de cera... ou não que simbolize a promessa (como um tijolo,um livro,um barco e até mesmo um anjinho).
A Regata trata-se da Romaria Fluvial .
As caminhadas são muitas durante os 15 dias da festa católica, as mais disputadas são a trasladação que acontece durante a noite de sábado ,véspera do Círio, e a procissão do Círio com um longo percurso sob um sol forte e muito calor e que começa na Catedral da Sé terminando na Basílica .
A corrida do Círio atrai atletas do Brasil inteiro ,mas uma outra corrida ,aquela por um lugar na corda que puxa a Berlinda no domingo se arrasta deixando um rastro de suor e muita fé, impressas neste símbolo do sacrifício estão as míticas e heróicas impressões digitais dos promesseiros.
O desgaste físico é atenuado por um outro grupo de agradecidos, eles distribuem água e até lanches para aqueles que não medem esforços pelo grau de dificuldade da benção.
O pódio da corda é chegar até o fim ,empurrando a Berlinda até a Praça Santuário onde a imagem da Santa fica exposta aos fiéis durante os dias da festa.
O Círio é transpiração pura.
É de repente chorar, rir, agradecer , pedir, refletir e se despir do que estiver atrapalhando uma volta por cima amparada por uma promessa .
É você ter um ano até o próximo Outubro e aumentar o número de atletas que se atreveram a acreditar, a ter fé e conseguir o que tanto necessita olhando para uma imagem de paz.
Viva o Círio da Nossa Senhora de Nazaré e de todos, uma autêntica atividade física da fé.
Fé: palavra repetida neste texto não por falta de vocabulário mas como um exercício de que tudo é possível, basta acreditar.
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