O departamento médico também merece uma medalha.


Quando um atleta começa a competir ou tratando-se de um esporte coletivo, a conquista ou a derrota não pesa apenas para os que estão visíveis.


Tem muita gente que empurra literalmente quem insiste em ser atleta.

E um destes profissionais é o médico e seu departamento.

O doutor ou a doutora ( Por que não?) Já que agora as mulheres  também estão sendo  contratadas para comandar o " Hospital" que se transforma uma preparação para uma grande competição e até mesmo o Centro de Treinamento durante a disputa.




Médico, fisiologista, fisioterapeuta, preparador físico, nutricionista e psicólogo.

Um time responsável por outro.
O blog Vida na Esportiva apresenta agora para seus leitores a entrevista com Dr. Marco Aurélio Silveira Neves, grande especialista da Medicina desportiva.



 Dr. Marco Aurélio Silvério Neves, Ortopedista e Diretor da Movité, clínica especializada em Medicina Esportiva. 

 

 

1- Gostaria que o profissional comentasse sobre o trabalho em conjunto que existe no esporte,  com o fisioterapeuta, fisiologista e nutricionista.

Falo isso porque o departamento médico do Flamengo está sendo muito elogiado por colocar novamente em campo atletas titulares em tempo recorde.

Aparelhos de ponta ajudam e a atitude dos médicos do rubro-negro Carioca que pediu para um dos amigos comprar na Europa o capacete que Rafinha jogou.

O trabalho dessa equipe multidisciplinar tanto na preparação quanto na recuperação dos Atletas.

 

RESP.: O departamento médico de um clube de alta performance de qualquer esporte é sempre uma equipe multidisciplinar. E é exatamente nesta diversidade de habilidades que está a maior riqueza! 

Um atleta para ser bem assistido precisa de suporte nutricional, funcional, fisiológico, fisioterápico, psicológico e médico.

Esta integração melhora a assistência e otimiza os resultados.

 

 

2- Agora um assunto delicado, cortar um atleta convocado para uma competição por lesão.

Como chegar a esse extremo? Quais os pontos que  uma equipe multidisciplinar debate para solicitar o corte à comissão técnica?

 

RESP.: O maior desafio é identificar a lesão e estimar, de acordo com sua gravidade, o perfil do atleta, os recursos disponíveis e o prazo de recuperação.

Se este prazo atende a demanda da competição e o atleta pode ser útil, podemos optar por mantê-lo na equipe.

Contudo, a decisão sempre envolve o departamento todo (equipe multidisciplinar), pois não poucas vezes o atleta pode ser útil para a equipe mesmo lesionado, quando se trata de uma liderança importante. Cada caso e cada lesão é um desafio isolado.

 

 

3- Houve um caso recente na Seleção Brasileira de Ginástica Artística que foi disputar em Stuttgart na Alemanha a Copa do mundo na modalidade.

Mas aconteceram quatro lesões de uma só vez enfraquecendo a seleção que ficou de fora dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

 A  única atleta classificada foi Flávia Saraiva.

Como fica o departamento médico numa hora dessas?

 

RESP.: Trata-se de uma situação muito delicada.

Primeiro, nem sempre em competições e momentos chave de um ciclo olímpico temos tempo hábil para reabilitar os atletas.

Quando as lesões são múltiplas, a situação é mais crítica.

Segundo porque quando vários atletas se machucam ao mesmo tempo, fica sempre a sensação de que algo pode estar passando e que poderíamos de certa forma evitar estas lesões. Mesmo quando são acidentes.

 

4- Atletas paralímpicos : existe uma troca de informações com os médicos de uma equipe ou Clube com os que atendem o atleta em relação à sua deficiência? 

 

RESP.: Sim!!!

Boa parte dos atletas paralímpicos  têm seus próprios médicos no que diz respeito às suas deficiências.

E os departamentos dos clubes e seleções precisam sim ter um contato entre si para trocarem informações que possam beneficiar o atleta em termos de rendimento e, ao mesmo tempo, evitar lesões.



5- Quais as lesões mais comuns e os tratamentos indicados tanto no futebol como em outros esportes?

 

RESP.: Cada esporte tem uma exigência física diferente e por isso cada um deles têm suas lesões mais comuns.

No futebol, por exemplo, são muito comuns as lesões e distensões musculares, entorses de joelho e tornozelo, lesões do menisco e lesões ligamentares do joelho.

O tratamento visa sempre otimizar a recuperação funcional com reabilitação (fisioterapia).

Algumas situações como lesão meniscal ou do ligamento cruzado anterior do joelho podem exigir tratamento cirúrgico.

 

 

6- O que fazer quando um problema de saúde afeta a participação de um atleta?

Convencê-lo a parar ou diminui o ritmo até que esteja totalmente recuperado.

Como no caso de atletas cardíacos

 

RESP.: Esta é uma situação que depende da patologia encontrada.

Se for um problema infeccioso ou transitório, normalmente, conseguimos  fazer o atleta entender que o afastamento faz parte do processo de recuperação.

A dificuldade vem quando um problema cardíaco grave é diagnosticado e pode interferir no futuro da carreira, por exemplo.

 

 

7 - Os atletas das categorias de base, Como são tratadas pelo departamento médico?

RESP.: Na categoria de base estão as maiores "joias" de um clube ou de uma seleção.

Normalmente eles recebem a mesma atenção dos atletas profissionais com o agravante de que como são mais jovens e ainda estão em desenvolvimento físico, muitas vezes merecem atenção especial. Mas, infelizmente nem todas as modalidades esportivas no Brasil têm condições de oferecer os recursos que as categorias de base merecem.

 

 

8- Herói ou Vilão, conviver com os elogios quando tudo dá certo ou levar a culpa em caso de colocar um atleta em Atividade e ele venha sofrer outra lesão ou simplesmente não render o esperado?

 

RESP.: A situação do departamento médico é muito complicada do ponto de vista "político".

Temos que disponibilizar o atleta lesionado no prazo mais curto possível, porém com a maior segurança e de preferência com a capacidade de render o esperado do ponto de vista técnico e físico.

Quando ocorre uma nova lesão ou a recuperação não acontece no prazo esperado, o departamento fica "em cheque". É como andar na corda bamba. 




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