Fui até a Copa de 70 com meu pai.





Por: Adriana Santos


No domingo de Natal ganhei um presente de Papai Noel ,uma viagem no tempo com meu pai quando assistimos na televisão o VT completo da final da Copa de 70 :Brasil 4 x 1 Itália.

É difícil imaginar que uma partida de futebol jogada há 46 anos fosse buscar fortes emoções marcadas com o gene  da felicidade que divido agora com os leitores.

Ao ver a bola passando pelos míticos pés daquela Seleção de Griffe meu pai resolve ficar pela sala comprando seu ingresso com um sorriso e procurando descobrir qual era o jogo exibido.

Perna balançando provando que o momento era único e cada  segundo daquele espetáculo de arquivo significava muito mais que reviver um romântico futebol .

Para ele era poder voltar a um tempo generoso ,com juventude ,trabalho e um futebol de aplaudir de pé.

De pé ou sentado mas com um objeto imprescindível beijando o ouvido: o inseparável radinho de pilha .

Perguntas lançadas sem parar e ficava cada vez mais difícil prosseguir nas respostas rápidas como chutes de primeira.

Os gols de Pelé ,Gérson, Jairzinho (que foi contemplado por meu pai (por ser um fã ardoroso da Seleção Brasileira)  e Carlos Alberto Torres prolongavam uma viagem ao fundo de um coração que busca o ano todo um jogo de futebol.

Em 1970 ,a lotação na casa de uma vizinha já estava esgotada na disputa  para olhar a tela em cores da televisão e foi o jeito recorrer ao amigo  de sempre ,o radinho ,trazendo para perto o estádio mexicano Azteca.

Já quase no fim do segundo tempo revolvi averiguar o porque daquele silêncio pois dava para separar o áudio da TV daquela resposta serena e cheia de saudade do meu bom velhinho de 86 anos.

Me imaginei em seu colo de vestidinho e já fã deste esporte da bola redonda e como diz o meu amigo Christovam Mendes "algumas não tão redondas assim".

Queria ouvir quais as palavras e frases pontuadas com hipérboles  que os narradores da época diziam sobre aquela histórica final de Mundial.

A cada gol uma explosão sonora ,"pra frente Brasil"...para  frente também o tempo e novamente estávamos em 2016 em um inesquecível domingo de Natal.

Fim de Jogo, taça erguida e beijada, olhos marejados.

A recordação nos presenteou com um encontro de pai e filha que amam o esporte e quando se trata de Futebol posso afirmar que é muito mais que herança genética.

Através de um jogo que ele nunca havia visto apenas ouvido e sentido nos abraçamos com conversas e trocas de informações ,fomos levados pelas jogadas tecidas por craques nos envolvemos com um  cobertor  de afinidades em uma tarde chuvosa e fria.

Muitos entendem e discursam que o amor ao futebol não cabe mais quando as cifras falam mais alto mas uma reprise  trouxe de volta esta ilusão em uma união familiar. 
 
Vestimos  a mesma paixão.

 

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